mais do mesmo
Tenho bebido demais outra vez. Ando buscando aquela nobre fissura que movimenta os astros. Ando esquecendo telefones, endereços, nomes. Tudo pela procura da arquitetura do rumo. Trago uma conversa reprimida, uma derrocada verbal. Minhas consoantes são cristãs convictas e as vogais são velhas anarquistas. Fígado. Cansado do conflito entre o abstrato e a pedra, o sufixo e a causa. Ando meio de lado, pessimista, pagando por doses de sorte. Até me vi na fila do pão, 1 pão - e 100 gramas de mortadela. Comprando velas. Ouvindo Itamar Assumpção. Me surpreendi vacilando para abrir o portão. Choroso. Descobri que tenho medo da noite, do silêncio das casas. Acho até que prefiro a minha alma quieta, a minha mãe sossegada, o meu pai solidário. Um domingo de sol. Posso ficar pior. Lua minguante. Nuvens vermelhas de São Paulo. Avião uivando, um cachorro latindo.