acharam o padreco morto faz um rato. polícia correu afoita depois da velhinha passar um fio lá no chefe. ninguém sabe ainda como aconteceu. velhinha jurava de pé junto pro moço do jornal. a batina do finado tava arriada no zumbigo, cueca pelas canelas sem meias, babinha ressecada no canto da boca aberta.
"morreu de perdoar lobo em pele de cordeiro", disse o pipoqueiro.
na poeira do boato, o bispo vem encomendar espírito do beato. despacha petição para que tenha o melhor funeral das cercanias, tudo de papel passado, preto no branco. tudo muito diferente da época do seminário teatino, quando um era veterano do outro. encontros noturnos com vinho e nudez. coroinha Adamastor viu tudo pelo ferrolho e fez voto de silêncio participando da cerimônia.
"morreu defendendo dogmas da santíssima igreja", o escrivão assinalou.
o amor jamais havia batido em sua porta. pegou mulher mesmo lá na casa de tolerância, deus me livre. depois veio a sífilis e castidade. nunca mais sentiu o cheiro, doutor. bebia na miúda e gritava de madrugada. uma vez tava bulinando e chamaram o pároco. três padres-nosso e ferrou no sono, mas acharam garrafa de gim enrustida na semana do ordenado.
"morreu para compor o reino dos céus", souberam os pais.
perícia observou babinha ressecada na boca do falo torto. sacristão falou da moça que veio ter com o finado depois da missa. mulher da vida, mas teve atenção lá no confessionário. ela bebia e jogava sinuca com os piás do sindicato. depois entrava no celeiro e deixava que bulinassem. um trago na surdina e o padre abriu coração para ouvir que a sirigaita gostava da coisa toda na frente e atrás. ouviu tanto, doutor, que o peito ficou surdo, e o diabo disse amém.
"morreu do mal de chagas", manchetaram os jornais.
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